24/03/10

Será falta de liberdade?

Num dos comentários que alguém fez à mensagem dos compadres, vinha a alusão ao facto de neste blog não haver liberdade de expressão, porque as mensagens estão sujeitas à minha aprovação antes de serem publicadas.
Em primeiro lugar, devo dizer que enquanto republicano democrata e antifaxista que me assumo, sou totalmente a favor da liberdade da liberdade de expressão e condeno todos os mecanismos que impeçam as pessoas de se exprimirem, consoante o seu pensar. Não admito, portanto, que se façam insinuações desse género a meu respeito.
Em segundo lugar, penso que devemos pensar muito bem no que vamos dizer antes de o fazermos. De facto, em Portugal temos liberdade de expressão, assim como o temos plenamente neste blog. É um dos direitos inalienáveis da condição humana e uma das grandes vantagens de um sistema democrático. Agora, quando reclamamos liberdade de expressão é porque nos queremos verdadeiramente exprimir. Ao nos querermos exprimir estamos a consumar o facto de expor ideias pessoais, ideias próprias sobre determinados assuntos. Onde eu quero chegar com isto é: se se tratam de ideias pessoais QUE QUEREMOS EXPRIMIR, temos que nos assumir e não viver cobardemente refugiados no anonimato. Além disso, parece-me que a liberdade de expressão nos obriga a pensar, pois se nos expressamos enquanto nós próprios é o nosso nome que tem de estar adjacente e é ele que se responsabilizará pelo que sair da nossa boca. É assim que funcionam os sistemas onde há liberdade de expressão. 
Quanto ao facto dos comentários serem vistos por mim antes de serem publicados, parece-me uma medida extremamente proteccionista. Se visse os comentários que já tenho recebido, que além de a nada se referirem ao conteúdo das mensagens, servem apenas para libertar expressões em calão, garanto-lhe que se os tivesse publicado não seria este blog o ofendido.
Por ourtro lado, pense assim: imagine que postam aqui comentários ilegais relacionados com pornografia infantil e assuntos do género. Esses items são punidos perante a lei e aí, quem seria punido era eu, enquanto administrador...não me agrada.
Seja como for, por acreditar que um sistema só é democrático, verdadeirtamente, se nele houver premissão para se discutir sobre as questões relativas à existência, ou não, da liberdade de expressão, propronho que participem na sondagem ao lado, para que se possa ter uma noção do sentimento que os leitores e participantes têm à cerca da forma como a liberdade de expressão está presente no blog.

Saudações!

Fraxinus Excelsior 

Votos de uma Boa Páscoa

O blog Fraxinus Excelsior deseja a todos os seus leitores e seguidores uma feliz e espiritual Páscoa

14/03/10

A Quaresma nas Tradições Freixenses

Caros freixenses e amigos,

Creio que ao avizinhar-se mais uma Páscoa, o momento apoteótico da fé cristã, é bom termos presentes algumas ideias, que no fundo estão enraizadas sob modelos tradicionais no povo freixense mas que hoje-em- dia estão a entrar em dezuso e, portanto, parece-me ser a forma e o momento oportunos de as lembrar.
Na verdade ainda não estamos no tempo designado pela Igreja como Tempo Pascal, pois como todos sabem estamos na Quaresma, aquele período que antecede a Páscoa em quarenta dias, e que teve início na Quarta-Feira de Cinzas, comummente lembrada com o comer de fradinhos de azeite e vinagre. De facto por muito estranho que pareça a alguns, o significado desta refeição é dotado de grande simbolismo religioso. Os fradinhos são uma refeição pobre, com ausência de carne e que simboliza o fim do Entrudo - tempo de festa - e o início da Quaresma, um tempo de recolhimento sem divertimentos, um tempo essencialmente de meditação e renúncia aos bens materiais. 
Com isto quero lembrar um pouco o cariz etnográfico deste período. De facto, se perguntarmos aos mais antigos, eles dirão que no seu tempo não eram permitidos bailes até à Páscoa, com excepção do Baile da Pinha, que era excepcionalmente realizado quinze dias antes da Páscoa. Outra das características do tempo quaresmal e seguida à risca por eles era o jejum de carne às quartas e às sextas. Havia uma forma de redenção diferente, embora não tivesse generalizada, em parte por razões económicas, que era de pagar a bula. A bula era uma espécie de imposto cobrado pela Igreja, dando uma autorização confirmada por um eclesiástico, que confirmava o direito do seu pagador ao consumo de carne. A realidade é que, não recorrendo geralmente a este meio, a maioria das pessoas "optava" pelo jejum de carne às quartas e sextas em memória da paixão e morte de Nosso Senhor Jesus Cristo. Em suma, só se voltava a comer carne "à séria" na segunda feira de Páscoa com o célebre borrego anteriormente degolado, na Sexta-Feira Santa.
Hoje os tempos mudaram e consigo também os hábitos. A Igreja já só impõe o jejum a quem o possa fazer, estando os doentes e os que praticam trabalhos de grande esforço físico isentos da norma. Com esta mensagem não pretendo incitar à prática do jejum (não obstante os benifícios que traz à saúde, já provados cieníficamente), mas antes fazer uma memória muitíssimo breve de uma das tradições mais marcadas do mundo católico e, no caso particular, da nossa terra.

Saudações e bom jejum!